60. Sociologia
60. Sociologia

 

SOCIOLOGIA  

 Estuda a sociedade em suas relações sociais. Ela, em verdade, estuda as leis que regem as relações sociais e tem como objeto os indivíduos enquanto relacionados com as instituições. A sociologia trabalha com constatações, utiliza-se do método positivista – por isso ela consegue prever o futuro. Antes de se ter à sociologia como ciência, existe o pensamento social. Em Platão já podemos constatar esta afirmação. Este filósofo grego divide a sociedade por meio de uma lógica espiritual e biologia: existe a classe dos camponeses, trabalhadores que possuem a alma de prata, são mais sensíveis às paixões e se reproduzem mais. Há também outra classe: a dos guerreiros ou guardas. Pessoas que têm força são corajosas e possuem a alma de bronze. Por fim, Platão entende o governante, que é o filósofo, aquele que usa a racionalidade e porta a alma de ouro. A analise platônica é primitiva, classista e determinada por fatores biológicos e espirituais. Dando um pulo histórico, o germe da sociologia está em Montesquieu. Ele diz que tudo que ocorre numa sociedade é resultado de um fenômeno social. As coisas surgem a partir das necessidades da sociedade. Trata-se de uma rede de relações (causa e efeito) na sociedade. PORÉM, é com Augusto Conte que nasce a sociologia. Ele é considerado o pai desta ciência.

 

Segundo Conte, da mesma forma que existem leis que regem a natureza, há também leis que regem a sociedade, e estas leis podem evoluir. A sociedade perfeita, para Augusto Conte, é a positivista. Em sua obra ele descreve os estágios evolutivos que marcaram o desenvolvimento humano. A saber: 1º estágio: o teológico, onde as explicações eram de caráter mítico e religioso; 2º estágio, o Filosófico ou metafísico. As explicações eram racionalizadas. Conte chama este período de ultrapassado. Por fim o ultimo estágio, o positivo, onde a ciência apresenta-se como a grande religião da humanidade e o método positivista o seu representante dogmático - no sentido de que apresenta resposta para tudo. A ciência seria a religião que libertaria as pessoas e as conduziria à justiça, à fraternidade e solucionaria os problemas sociais. Os cientistas seriam os sacerdotes que contemplariam o SUMO BEM.

 

Estes deveriam apresentar um caráter moral adequado. A ciência e a técnica eram o caminho para a verdade.As mulheres, por serem sensíveis e afetivas. Na sociedade positiva os valores morais vêm em primeiro lugar. A mulher, neste sentido, ocupa lugar importante na hierarquia social de Conte. Ele também acreditava no ser humano. Conte não estimula a luta armada – porque não entende a sociedade como uma luta de classes. Ele sugere primeiro a reforma intelectual, depois a social. As reformas sociais devem ser feiras de maneira ordenadas. A Europa, para Augusto Conte é o modelo para as outras nações. As leis que fizeram com que o ocidente evoluísse são universais. O método positivista, que (Conte valoriza usa-se a neutralidade), baseado na observação de determinado fenômeno/objeto, depois na experimentação (comprovação de suas verdades) para se definir as leis que regem este fenômeno, entendo a verdade como dada, sofreu grande crítica. K. Popper contrariou afirmando que não existe neutralidade na ciência. Bachelard, por sua vez, criticou a idéia de que a verdade não está dada e, por fim, a escola de Frank for, afirmava que a ciência não é a portadora de uma única verdade, conforme previa Conte. Além disso, uma delicadeza em seu pensamento está na constatação de que as questões sociais são especificas. Não existe uma lei geral para explicar. Na sociologia, qualquer realidade estudada deve ser relacionada com a totalidade. Para ser sociológico, o estudo deve se relacionar com o todo. Mesmo que este “todo” não seja determinante.  

Organizações Sociais, Organizações, Massas e Cultura

  Marx Weber

Max Weber é o pai da teoria das organizações e um dos maiores sociólogos modernos que trabalha com a análise da ação social e das instituições a partir do método compreensivo. Este método tenta compreender o sujeito ou a organização em sua ação, mas também confere grande importância à motivação. Para Weber ação social é toda ação que envolve dois ou mais indivíduos numa relação social, mas um indivíduo pode ter uma ação que não é social. Toda ação social deve envolver uma relação entre os indivíduos. Este autor também entende que existe ação social coletiva – quando envolve um grupo de pessoas. Quando uma ação é coletiva, então se trata de uma organização. Ao contrario de Karl Marx, Weber parte da motivação do indivíduo, que, aliás, pode agir a partir da motivação ECONÔMICA (a mais comum porque trata de interesses afins – de ordem material.

 

Trata-se de uma motivação racional, ou seja, que traça estratégias lógicas para atingir um determinado objetivo. Existe também a motivação VALORATIVA, onde as pessoas doem suas vidas por um ideal, permitindo que ajam, a cada dia, de modo melhor. Esta motivação também pode provir de valores racionais, transmitidos por Igrejas. Os valores podem ser de ordem religioso, moral, político, filosófico, etc. Outra motivação é a AFETIVA, que para Weber não é racional, mas envolvem afinidades, paixão, emoções. Por fim, pode haver uma motivação TRADICIONAL, que vem da tradição, não é questionada e as pessoas que a assume aceitam passivamente. Na obra “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” Max Weber constata que junto com a reforma protestante nasce o mercantilismo e o desenvolvimento do comércio – bases fundamentais do capitalismo. Analisa também que os princípios éticos (individualistas) protestantes casam com o capitalismo. Lembremos que, para os protestantes, a idéia de riqueza é entendida como uma “benção” divina e que o trabalho é visto como algo que serve para a glorificação de Deus. Outro princípio ético do protestantismo é enxergar o sexo como algo que deve servir para a procriação, o contrário é entendido como pecado. Lembremos que os protestantes interpretavam a bíblia ao pé-da-letra. Além disso, entendiam – posto que sua visão era utilitarista – que o ócio também correspondia ao pecado por está associado à perda de tempo e, no capitalismo, tempo é dinheiro.

 

O problema destes princípios é que Deus fica de fora e ganha espaço a riqueza.Max Weber é um dos maiores analistas da burocracia nas organizações sociais, no Estado e, de alguma forma, nas ações sociais. Já dissemos que uma ação racional é aquela que é desempenhada por uma organização ou indivíduos para atingir um objetivo. A racionalidade abrange todas as ações. Trata-se do conjunto de lógicas ou estratégias de ação. Weber também analisa os tipos de poderes. Classifica-os em três: o poder carismático, o oficial ou forma e, por fim, o poder hereditário. O primeiro pode existir sem os demais e, aliás, é o mais forte. Uma pessoa carismática conquista a autoridade e o respeito das pessoas porque tem carisma, dom. Trata-se do poder do grande líder. Max Weber usa como exemplo São Francisco de Assis para se referir ao poder carismático. Quanto ao pode hereditário, este é passado de geração em geração. Já o poder formal é instituído legalmente. Um exemplo disso são os concursos que, normalmente, concedem poderes – por meio de cargos públicos – para pessoas que, nem sempre, têm carisma. Weber critica a burocracia do Estado dizendo que ela elege pessoas que não são carismáticas para exercer o poder formal. Talvez esta tenha sido a principal contribuição de Weber para a sociologia: analisar as ações sociais, sejam elas entre indivíduos ou de organizações, a partir do método compreensivo que enfoca as motivações.

 

É importante também reconhecer constatação weberiana a respeito dos tipos de poderes e da burocracia das instituições, principalmente o Estado. Massa, Cultura e MídiaO conceito antigo de massa nasceu baseado naquilo que os estudiosos viam na multidão. Trata-se de um aglomerado de pessoas que agiam de modo irracional. Na multidão o indivíduo perde sua identidade. Desta forma, o primeiro conceito de massa diz respeito ao grande número de indivíduos, próximos ou não entre si, com uma certa homogeneidade e com comportamentos irracionais. ATUALMENTE o conceito de massa está modificado, pois já não temos um público homogêneo. O que vemos são desempregados, massas de estudantes, operários, etc. A mídia criou ideologias voltadas para certos grupos de pessoas. Desta maneira, a massa corresponde ao conjunto de indivíduos que compõe um todo heterogêneo, em meio à multiplicidade, com ou sem condições de personalização, com carências e vulnerabilidades. Esses dois últimos fatores possibilitam a manipulação das massas. O que permite a uma pessoa sair da massa é a possibilidade de ela pensar criticamente – mesmo que influenciada por críticos.Tomemos em consideração que o TODO SOCIAL e a cultura, são formados pela história, origens e raízes de um povo. Aqui entram aspectos da religiosidade, da tradição, moral, costumes, etc. Quando um povo preserva este TODO cultural, deixa de ser massa. Quando falta educação para formar as pessoas, a CULTUA DE MASSA é transmitida por meio de ideologias que tentam preencher as lacunas, fragilidades e limites de um povo. Muitas vezes a Cultura de Massa cria novas brechas e aumenta as já existentes. A mídia amplia essas brechas, tal como acontece com o sexo. Desta forma, a Cultura de Massa trabalha com as carências e fragilidades de um povo. A lógica da mídia é criar necessidades, problemas e angústias para encobrir estas brechas. Para isso, usam-se as técnicas que dizem respeito à: a) confundir Cultura Ilustrada com Cultura de Massa – é assim que esta última vulgariza, banaliza e empobrece aquilo que é próprio de um povo. Ex. Música sertaneja, obras de arte, etc; b) Transformar consumo em consumismo, criando necessidades que não existem naturalmente; c) associar o produto de venda ao erotismo. Ex. Cerveja com mulher pelada; d)transformar o espetáculo em simulacro – ou seja, falsificar os espetáculos. Ex: sai de baixo; e) aproximar o que se mostra na mídia como sendo algo que corresponde à vida real. Ex. novelas.

 

Com essas técnicas a mídia preenche as principais lacunas e fragilidade das pessoas, principalmente no que diz respeito à sexualidade, à família e a afetividade. Lembremos que a Cultura sempre foi algo elitizado. Já a Cultura de Massa, interessada no mercado, transforma a Cultura Ilustrada em algo pobre, sem sentido. Desta maneira, cria-se uma indústria cultural que produz alienação, ópio. Esquemão: 1 – Ação social: qualquer ação de duas ou mais pessoas que se incluem numa relação social. Mas a ação social pode ser coletiva (da organização ou grupo de pessoas) ou pessoal; mas existem ações individuais que não são sociais. Essas ações podem acontecer por meio de motivações econômicas (a mais comum); valorativa (a mais forte tem a ver com o sentido ou ideal que as pessoas se dedicam); afetiva (movida por afetos, paixões e emoções – não racionais para Weber). Mas as ações sociais podem ser orientadas, racionais ou valorativas; afins econômicos e materiais; afetiva ou tradicional. Um exemplo de ação valorativa são os terroristas e as pessoas que vivem o voto de pobreza, castidade e obediência. Pessoas movidas por valores morais, políticos, religiosos ou filosóficos.

 

Outra coisa importante são os tipos de poderes, a saber: carismático (do verdadeiro líder. Este poder pode existir por si só); formal (provém das instituições, pode ser carismático ou não); hereditário (que vem de geração em geração). Além disso, é importante saber que as ações racionais são o conjunto de ações que obedecem uma lógica para se atingir um objetivo. Weber é o pai da teoria das organizações porque trabalha com o individualismo metodológico, mas também aborda as motivações individuais e grupais. 2 – O termo indústria cultural é inadequado porque cultura não é algo que se fabrica para o consumo, tal como sapato, feijão ou carro. Ela existe como expressão da vida das pessoas, ao contrário da cultura de massa que precisa de uma utilidade, por isso se fabrica. É por meio dela que os meios de comunicação social influenciam a massa ou um povo por causa da presença de fragilidades ou brechas.

 

Mas, há momentos em que a história fala mais alto e a sociedade influência na Mídia. Existem acontecimentos em que a história se comporta com autonomia. Ex: revolução cubana, eleições de Lula, Comunismo, etc. As principais técnicas da cultura de massa são: transformar consumo em consumismo; associar sexualidade à afetividade, tornando as pessoas objetos; falsificar a arte; aproximar os programas televisivos da realidade. Já a Cultura Ilustrada vem das raízes de um povo, ao contrário da cultura de massa que é criada para o consumo. Ela banaliza e empobrece a cultura.