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42. Kant
42. Kant

 

Immanuel Kant (1724 – 1804)

Sintetiza a filosofia. No seu contexto, havia grande otimismo entorno de duas ciências – a matemática e a física newtoniana. Além disso, a metafísica tinha se desenvolvido bastante, a corrente dos racionalistas – ao contrário dos empiristas – havia dedicando-se muito a ela. Neste contexto Kant se perguntava sobre o modo como se elabora o conhecimento. Suas preocupações também se dão no campo da ética humana. A trilogia kantiana abrange a crítica da razão pura (dos juízos), prática e a metafísica dos costumes.

 

Kant submete à razão ao crivo da crítica e se preocupa com o exagero racional dos franceses e com o dogmatismo empirista. Iniciemos a gnosiologia kantiana. O conceito que fazemos das coisas é elaborado pelo sujeito e existe como algo que menciona ou explica a realidade. O intermédio entre a realidade e o conceito é o esquema transcendental. – entendido como fruto da imaginação ou capacidade imaginativa. Mas a imaginação é um dado do sujeito que não é subjetivo. Outra coisa importante é que o sujeito possui as condições para elaborar e sintetizar o conhecimento. Desta maneira, o sujeito só conhece o fenômeno, aquilo que lhe aparece. Mas este mesmo sujeito possui capacidades intelectuais a priori (conhecimento puro, tal como a matemática e a física) e dados da sensibilidade – a posteriori. É importante perceber que só pela razão elaboramos conceitos ultrapassam a experiência, constatando que a razão tem limites, alguns deles pertencentes à metafísica.  

 

Na metafísica está à tentativa de o sujeito explicar o seu agir – mais tarde trataremos dessa questão. Kant herda dos racionalistas a idéia de que ciência é conhecimento universal e necessário, mas o grande acréscimo é que a ciência se constitui a partir de juízos (enunciados) sintéticos (é o sujeito transcendental quem sintetiza a partir da experiência e da razão pura) a priori, puro. Desta forma, juízo sintético a priori possibilita o progresso da ciência. Existem também os juízos analíticos a posteriori que são tautológicos, não acrescentam nada ao objeto. Exemplo: o homem é extenso. Ou seja, o predicado está implícito no sujeito. Importante é perceber que os critérios a priori que possibilitam o conhecimento são o espaço e o temo – dados da sensibilidade e não existem sem o sujeito cognoscente. São estes critérios intelectuais que nos fazem elaborar juízos sintéticos a priori.Como dissemos, a razão tem seus limites. Existem alguns conceitos metafísicos que ultrapassam a experiência (felicidade, Deus, etc). Algumas coisas podemos pensar e conhecer, outras, só pensamos. Aqui reside a relação entre conhecimento, existência e pensamento. Podemos pensar alguma coisa (Deus), mas isso não garante a existência e, muito menos, o conhecimento.

 

Para Kant Deus é uma antinomia (coisas humanas que são contraditórias). Elas são três: a) o universo pode ser pensado finita ou infinitamente; b) crítica ao psicologismo: da mesma forma que dizemos “penso, logo existo”, podemos também afirmar: “existimos, logo pensamos”. C) argumentos ontológicos ou finalísticos. As coisas têm um fim porque tiveram um motor inicial, ou o contrário... Kant sustenta que a razão teórica se sustenta nos juízos sintéticos à priori. Ele distingue razão teórica de razão prática, mas do ponto de vista moral Kant defende o postulado de uma ética ou imperativo universal, tal como o fez na gnosiologia. Para este autor a ação humana só tem valor moral se o sujeito for autônomo, emancipado, livre. E liberdade tem a ver com conhecimento.

 

Desta forma, o valor não pode depender de um a posteriori. Quando a razão não age a partir da emancipação do sujeito, ela é coagida, sofre influência de outrem, age por inclinação.  O imperativo moral não é hipotético (coercitivo), mas categórico, valido para todos os sujeitos. Segue categorias da razão. O imperativo categórico provém da razão prática a partir do princípio do dever – contrariamente ao imperativo hipotético. “Age de tal forma que tua ação se transforme numa máxima universal” ou “que a lei universal perceba os homens sempre como fins e nunca como meios”. Neste sentido, a moral privilegia a ação humana e desconfia da natureza.

 

O homem não deve seguir seus instintos.A liberdade não pode ser demonstrada por meio da experiência, nem se aparece como fenômeno. Ela não está no agir, mas no conhecer. Saber o que o sujeito deve fazer é o valor da liberdade. Mas, não há sujeito moral, sem sujeito cognoscente – daí a importância da teoria do conhecimento kantiana que fundamenta a ética. Não há ação moral sem conhecimento.