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58. Tipos Cerebrais
58. Tipos Cerebrais

 

Tipologia cerebral

Na teoria evolutiva, nos diferenciamos dos demais animais porque nosso cérebro ou nosso neocórtex foi se desenvolvendo ao longo dos anos. Segundo esta teoria o cérebro tem três camadas, a saber: a) cérebro dos répteis ou reptiliano – que foi desenvolvido primariamente e, naquela época, caracterizava por uma consciência imediata das coisas. Trata-se de uma prevalência do instinto de auto-sobrevivência e autopreservação; b) sistema límbico – é um cérebro que tem uma função emocional que, de alguma forma, complementa o primeiro cérebro. O sistema límbico possibilita a consciência dos sentimentos bons (prazer e alegria) e ruins (medo, insegurança e desprazer). Atualmente, se junta essas duas funções (do cérebro reptiliano e a límbica) para uma colaborar com a outra, como por exemplo, no ato de urinar: é uma necessidade fisiológica que dá prazer quando se esvazia a bexiga; c) neocórtex – que é uma camada cerebral mais desenvolvida, haja vista que é por meio dele que há uma consciência reflexiva e simbólica. O neocórtex também contribui na relação entre os conteúdos metais. Ele está ligado às idéias e ao mundo simbólico.

 

Quando o sistema límbico uni-se com o neocórtex, temos a inteligência emocional e torna-se objeto de estudo da psicosociologia.Aspectos biológicos: podemos entender a anatomia de cada cérebro e seus respectivos níveis de percepções a partir do momento em que consideramos o cérebro reptiliano é regido pelas leis da natureza e obedece a necessidades instintivas. Neste sentido, não há uma predominância da vontade do sujeito, que – aliás – sente o peso dos instintos e das funções primárias. O cérebro reptiliano é responsável pela delimitação de espaço e tempo naturais. Mas, não obstante a intensidade instintiva, neste cérebro, percebemos a sensação e ocorrência de ritualidade instintiva, principalmente na convivência em grupo. Neste cérebro, biologicamente falando, o corpo produz hormônios e a sexualidade possui um caráter re-produtivo e genital. Nesta etapa, o raciocínio é analógico e imitativo, por isso o conhecimento é do tipo, senso-comum: tendo em vista que a consciência é objetiva e sincrônica. É, pois, obviamente notável que a aprendizagem se dá por ensaio e erro ou por imitações. De modo geral, o hemisfério esquerdo do cérebro tem características mais predominantes das esferas reptilianas e límbicas. Já o direito é mais voltado para o neocórtex – como veremos em breve. Já com o cérebro do sistema límbico se relaciona mais com o “eu-ego”. Por essa razão ele se aproxima das questões psicológicas e emocionais. É ele quem desenvolve, em concordância com o neocórtex, à afetividade através das emoções e dos sentimentos.

 

Esse cérebro busca a segurança e pode provocar mudanças no comportamento dos indivíduos, de acordo com as emoções que eles experimentam. A demarcação do espaço e do tempo, da qual já foi mencionada, está ligada às emoções. É por essa razão que se tem a busca pelo prazer no âmbito da sexualidade. Na ritualidade, o sistema límbico possibilita o desenvolvimento – no convívio em grupo – da linguagem afetiva. Nele ocorre a pré-consciência subjetiva – por conseqüência disso, a memória é mais prolongada, mas ainda predomina certa sincronia. Biologicamente, predomina o uso do hemisfério direito do cérebro, que tenta buscar o bem estar emocional. Neste sentido, o raciocínio é analógico e predomina os conhecimentos míticos, religiosos e estéticos. A aprendizagem se dá através da imitação dos valores culturais, principalmente àqueles que se ligam à afetividade. Passemos ao último e mais desenvolvido cérebro: o neocórtex. Nele se dá a criação de regras e valores culturais. Sua principal característica é o pensamento abstrato, a reflexão e a análise lógica. Nesta perspectiva, os instintos são dominados pela capacidade de uso da razão.

 

No neocórtex, a imaginação é a condição de possibilidade para que haja criação simbólica e visões de mundo. A ritualidade é vista, na convivência em grupo, através da criação de signos e símbolos sofisticados. Esse cérebro tenta sentir-se seguro quando amparado pelo conhecimento e pela procura de explicar as sensações captadas pelos cérebros reptiliano e límbico. A razão é instrumental lógica. A subjetividade é reflexiva, usa-se a autoconsciência e a capacidade de aprendizagem se dá pela dialética. As idéias dos indivíduos, que utilizam esse cérebro, são diacrônicas e prevalece os tipos de conhecimento filosófico, científico... Prevalece o uso do hemisfério direito do cérebro.Obs: atualmente, se fala numa quarta camada cerebral, a do cérebro pienal, vinda da percepção holística-intuitiva. Modos de entender o uso das esferas cerebraisHá varias maneiras de se utilizar às funções cerebrais. Por exemplo: a psicobiologia une os processos biológicos e psíquicos ligados ao corpo dos indivíduos e os adota como objeto de estudo.  Já os aspectos da adaptação físico-comportamental são objeto de estudo da psicossomática. Segundo essa visão, para se responder às necessidades biológicas dos indivíduos são criadas estruturas ou instituições com funções específicas.  Por exemplo, para se responder à necessidade da sexualidade, cria-se à instituição família. O mesmo ocorre para a religião – em que são criados símbolos ou arquétipos gerais (deuses, figuras míticas, mulheres misteriosas etc). Para responder a essas necessidades sociais são montadas algumas instituições, criam-se aspectos funcionais para elas. Os indivíduos também desenvolvem aspectos psicossociológicos que, por sua vez, são analógicos e intuitivos. Nestes aspectos a subjetividade é criada (Guatarri), mas existe uma autonomia semideterminada. No campo da personalidade, surge o desenvolvimento do sujeito – é por esse motivo que se criam organizações sociais para se ensinar às regras de convivência em sociedade (escolas, igrejas). Isso também se torna mecânico: na medida em que um grupo de pessoas vai se desenvolvendo, vão surgindo estruturas institucionais que as ajudam. Pode haver também uma característica psicossocial analítica – ocorre quando os sujeitos produzem certos questionamentos a fim de se construir certa autonomia. Trata-se de uma visão crítica e de o sujeito não fazer as coisas só porque todo mundo faz. Aqui a personalidade parece ser mais própria e singularizada. Por isso desenvolve-se o “eu-consciente” ou o eu-subjetivo. Esse sujeito pode fazer uma auto-análise sobre os valores e começa a construir para si novos valores e símbolos identitários.

 

O indivíduo questiona o TODO SOCIAL e se sente condizente com seus ideais. É a partir daí que se criam meta-símbolos que ajudam a refletir as crenças, as percepções de tempo e espaço, etc. Seu mundo é objetivo, de conceitos e idéias, além de conter imagens com suas próprias lógicas. Tendo abordado os temas acima, cumpre-nos falar um pouco sobre os mapas mentais. Tomemos por base a idéia de que o indivíduo não é um produto autônomo e independente. Ele tem contexto. Está ligado a sua conjuntura histórica. Tem consciência da tecnologia, das regras de organização social, dos valores culturais provindos da educação, das crenças e filosofias. Os mapas mentais podem ser reciclados, haja vista que são visões de mundos, provindos de conjunturas específicas, de contextos onde os indivíduos estão inseridos. Os mapas mentais são a plasticidade humana que permitem se pensar diferentes respostas sócio-culturais para diferentes ambientes. Eles provêm de modelos ou teorias através das quais direcionamos nossa vida e ou visão de mundo. Os mapas mentais são assimilados através dos diversos níveis de consciência: pré-consciente, consciente, autoconsciente, etc.É importante entender os mapas mentais porque atualmente tem se exigido das pessoas que haja algum momento para elas refletirem. Em contra-partida se criam modelos de consciência e personalidade, muitas vezes fabricada pelas instituições midiáticas, escolares ou religiosas – a fim de que a massa possa seguir esses modelos. A reflexão permite que as pessoas avaliem parâmetros. Acontece que na pós-modernidade existe uma série de paradigma a ser analisada. As múltiplas formas de olhares sob o mesmo objeto, não raro, conduzem à relativização que, de alguma maneira, interferem no comportamento das pessoas, inclusive o comportamento mora. São nestas circunstâncias que surge a hermenêutica para possibilitar a análise de paradigmas e/ou parâmetros.  A hermenêutica pressupõe a compreensão de uma serei de questões e paradigmas. Desde fim do século 19 e início do século 20 surgiram inúmeras formas de abordar a realidade.

 

No campo cientifico, por exemplo, temos o positivismo, a fenomenologia, a visão holística ou interdisciplinar, etc. Olhemos um pouco desses paradigmas nas ciências sociais. Positivismo: Trata-se de um modo de olhar a realidade e examiná-la ou medi-la afim de que se expliquem as leis universais que possibilitam o entendimento da realidade. Esse paradigma foi erroneamente associado ao capitalismo. É verdade que o positivismo é extremamente funcionalista, mas isso não implica que ele seja tecnicista – essa é a principal acusação em que se relaciona o positivismo ao capitalismo. Sabe-se que o positivismo é empírico, utiliza os objetos exteriores ao homem como sua matéria-prima. De certa forma, todas as ciências utilizam alguns elementos positivistas, inclusive a ciência contemporânea.  O método positivista, de alguma maneira, coisifica tudo – para melhor delimitar seu objeto de estudo, ou seja, os fatos. A idéia de coisificação torna o objeto mais claro para o estudo e para o entendimento. Lembremos que o fato social é exterior, generalizado e objetivo. As principais teorias que utilizaram o positivismo no curso da história foram, o darwinismo, o estruturalismo, o funcionalismo, o pragmatismo, o materialismo, a sócio-biologia e a sociologia clássica (Durkheim), a antropologia e a teoria sistêmica (Edgar Mirin). Fenomenologia e Hermenêutica: já dissemos que a hermenêutica pressupõe a clareza dos olhares, ou seja, a autoconsciência das posturas que o observador possui. Mas, a partir da fenomenologia temos a idéia de que é importante considerar o olhar individual e que não existe uma observação independente, neutra – da parte do observador. A hermenêutica considera o fator subjetivo e interior do indivíduo que postula descrever a realidade. O método fenomenológico é narrativo e/ou qualitativo, no sentido de compreender o fato, o fenômeno. Aqui se consideram as subjetividades que se relacionam, dentro de uma determinada cultura. As teorias que mais usam esse método são o culturalismo, estruturalismo, psicanálise (Freud e Lacan), psicologia analítica (Jung), sociologia (Weber) e antropologia.Holismo – Visão Transdisciplinar (Edgar Morin). Esse autor propõe uma trans-compartimentação das ciências, de modo que elas se relacionem.

 

O modelo da complexidade envolve a Ordem, a Desordem e o Equilíbrio.  Morin tenta estudar as idéias como se fossem um fato social. Portanto, elas podem ser passiveis do estudo. A esfera das idéias – para esse autor – está presente na realidade. As idéias vão e vêm e algumas delas permanecem. Morin sustenta a hipótese que desde o começo da humanidade foram criadas inúmeras idéias que continuam povoando a noosfera – espécie de 3º reino, da idéias. Tanto isso é verdade, que existem pessoas que são capazes de morrer por causa de uma idéia ou de um ideal (que não deixa de ser idéia!). As pessoas criam, re-organizam e se deixam criar pelas idéias. Na noosfera existem as idéias míticas, filosóficas, científicas, estéticas, etc. A todo momento estamos usando essas idéias, todas ao mesmo tempo. Dessa maneira, o homem é fruto e, ao mesmo tempo criador, dessas idéias. É verdade que, com o passar dos tempos, os homens vão criando idéias mais sofisticadas que outras.Visão Integral: aqui destaca-se Ken Wilber, que é um autor ligado à psicologia transpessoal, que trabalha os diferentes níveis de consciência que os indivíduos têm ao longo de suas vidas. Ele tenta trazer muito da visão oriental para a psicologia. O tema do encaixe funcional é muito importante (cf. pág. 36 da apostilha – Reducionismo da Teoria dos Sistemas).

 

Como dissemos, Ken Wilber trabalha com alguns níveis de consciência. Propõe a busca de um olhar mais cósmico, visando um nível de consciência mais amplo. Ele constata que a postura introduzida pela fenomenologia acaba considerando a intencionalidade humana. O pesquisador pode ter um olhar objetivo sobre o objeto, mas é preciso considerar sua subjetividade, sua intencionalidade. Ken Wilber tenta especificar os diversos olhares (positivista e fenomenológico – individual e coletivo) Todos eles trazem contribuições para o pensamento humano, mas é bom lembrar que, tanto o observador, quanto o objeto observado constituem um “nos” objetivo e coletivo.

 

O desafio primordial é como levar em consideração – ao mesmo tempo – o eu que observa e o nós, observado(s)? Para tal intento Ken Wilber analisa o fantasma na máquina, onde ele retoma algumas das idéias cartesianas em que o homem é visto como uma máquina que produz alguma coisa quanto está em funcionamento. O autor também tenta fazer uma abordagem que vise à delimitação entre o interior e o exterior, entre aquilo que temos de contextual, vivencial e aquilo que está fora do sujeito que observa (objeto). Quando Ken Wilber analisa a Visão Integral acaba fazendo uma crítica à idéia de que a verdade parece só estar presente no âmbito da ciência.